Christian IX da Dinamarca (1863-1906)

Christian IX (Schleswig, 8 de Abril de 1818 - Copenhaga, 29 de Janeiro de 1906) foi o Rei da Dinamarca de 1863 até sua morte.

Juventude:

 O local de nascimento de Christian, o castelo Gottorp em Schleswig.

Christian nasceu como o quarto filho de Frederik Guilherme, Duque de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, e da Princesa Luísa Carolina de Hesse-Cassel. Através da mãe, era bisneto do rei Frederik V da Dinamarca, trineto de Jorge II do Reino Unido e descendente de vários outros monarcas, embora sem pretensões diretas a nenhum dos tronos europeus.

Através do pai, Christian era um membro de um ramo menor da soberana casa de Oldemburgo, descendente direto por via paterna do rei Christian III da Dinamarca e um descendente de Helwig de Schauenburgo, condessa de Oldemburgo, mãe do rei Christian I da Dinamarca, a herdeira (através da lei semi-sálica) do seu irmão Adolfo, o último Schauenburgo a ser duque de Eslésvico e conde de Holsácia. Portanto, Christian era passível de suceder nos ducados, embora ocupasse um lugar remoto na sucessão.

Christian cresceu na Dinamarca e foi educado na Academia Militar de Copenhaga. Foi pretendente à mão da Rainha Vitória do Reino Unido, e em 1842 acabou por casar-se com a princesa Luísa de Hesse-Cassel, uma sobrinha do Rei Christian VIII da Dinamarca.

Herdeiro-presuntivo:

Em 1847 foi escolhido, com a bênção das grandes potências europeias, como herdeiro presuntivo do trono dinamarquês, ocupado por Christian VIII, já que o seu filho, o futuro Frederik VII da Dinamarca parecia incapaz de produzir descendência. O seu casamento foi importante nesta escolha, já que a sua mulher, enquanto sobrinha do rei, estava mais próxima do trono que ele mesmo.

Devido à Lei Sálica, a sucessão de Frederik VII, que não tinha filhos, tornou-se uma questão complicada que levou a vários conflitos.

As tendências nacionalistas na parte germanófona de Eslésvico-Holsácia fizeram com que nenhuma solução que mantivesse a união dos dois ducados com a Dinamarca fosse satisfatória para eles e para vários setores no então império alêmão. Estes ducados haviam sido herdados através da lei sálica por descendentes de Helwig de Schauenburgo, sendo que após Frederik VII na linha de sucessão estava Frederik, Duque de Augustenburgo (1829-1880). Este auto proclamou-se Frederik VIII de Eslésvico-Holsácia em 1863, e tornou-se o símbolo da independência pró-alemã nos ducados. No entanto, depois de o seu pai ter abdicado dos direitos sucessórios por dinheiro, após o Protocolo de Londres em 1852, não foi considerado elegível como rei pela a maioria dos Dinamarqueses.

Na Dinamarca também vigorava a Lei Sálica, mas apenas entre os descendentes de Frederik III da Dinamarca, o primeiro rei a suceder por via hereditária (anteriormente os monarcas eram oficialmente eleitos). A sua descendência por via paterna extinguiu-se após a morte de Frederik VII, a partir de quando passou a vigorar uma lei sucessória semi-sálica promulgada por Frederik III. Havia no entanto dúvidas de interpretação da lei relativamente a quem herdaria a coroa. O problema foi resolvido com uma eleição e uma nova lei a confirmar o sucessor.

As parentes femininas mais próximas de Frederik VII eram as descendentes da sua tia paterna, "Luísa", que casou-se com um membro da casa de Hesse. Contudo, não eram descendentes agnáticos da família real, e portanto não elegíveis para a sucessão em Eslésvico-Holsácia.

A herdeira dinástica de acordo com a antiga primogenitura de Frederik III era "Carolina da Dinamarca" (1793-1881), a filha mais velha de Frederik VI, e depois a sua irmã "Guilhermina" (1808-1891). Nenhuma tinha filhos.

Alguns direitos pertenciam ainda a um ramo menor da família real, descendentes de uma filha de Frederik V, elegíveis para suceder em Eslésvico-Holsácia. Entre estes estavam o próprio Christian e os seus dois irmãos mais velhos, um deles sem filhos e o outro com descendência masculina.

O Príncipe Christian tinha sido adotado como neto pelo rei Frederik VI, e a rainha Maria Sofía Frederica de Hesse, que não tinham filhos varões. Ele estava por tanto familiarizado com a corte e as tradições dos monarcas. Cristiano era sobrinho-neto da rainha Maria e descendia de uma prima de Frederik VI. Fora criado com conceitos nacionalistas dinamarqueses e não estava ligado ao nacionalismo alemão, o que fazia dele um bom candidato aos olhos dinamarqueses. No entanto, apesar de ser elegível ao trono, estava numa posição afastada na linha de sucessão.

Sua esposa Luísa, era a filha mais velha do filho primogênito da parente feminina mais próxima do rei Frederik VII. O pai e os irmãos de Luísa renunciaram aos seus direitos sucessórios em favor dela, e do marido. A mulher do príncipe Christian era agora a herdeira mais próxima de Frederik VII. Este casamento cimentou a sua posição como herdeiro do trono dinamarquês.

Tendo ascendido ao trono em 15 de Novembro de 1863, após a morte de Frederik VII.

Reinado:

Depois de se tornar rei, Christian enfrentou uma crise sobre a posse e o estatuto de Eslésvico-Holsácia, duas províncias no sul da Dinamarca, quando assinou sob pressão, a Constituição de Novembro, um tratado que fez de Eslésvico parte da Dinamarca. Isto resultou numa breve guerra entre a Dinamarca e a aliança Austro-Prussiana em 1864. Na primeira guerra a Dinamarca saira vitoriosa, porém em um segundo confronto a Dinamarca perdeu levando à anexação de Eslésvico-Holsácia à Prússia em 1865.

Casamento:

 Pintura de Christian IX da Dinamarca e Luísa, com sua grande família da realeza Europeia reunidos em uma sala no palácio de Fredensborg. Na pintura pode notar-se a presença dos reis do Reino-Unido da Grã-Bretanha, os herdeiros de Hanôver, os imperadores russos, e o príncipe de Galês Vitor, além de outros netos do rei.

Christian IX e Luísa tiveram um casamento bem sucedido, e os seus seis filhos realizaram casamentos notáveis em várias casas reais europeias, sendo pais, tios e avós de cinco monarcas europeus, afirmando a nova linhagem dinástica de Glücksburgo, como uma das mais mais proeminentes do continente dando a Christian IX e Luísa a alcunha de "os sogros da Europa".. Atualmente, a maioria das casas reais reinantes e depostas descendem de Christian IX e sua esposa.

 O rei Christian IX com seu bisneto, o príncipe Eduardo de Iorque, posteriormente Eduardo VIII do Reino Unido. O Rei Jorge I da Grécia está ao fundo.

Os seus filhos foram:
* O príncipe-herdeiro Frederik, mais tarde rei Frederik VIII da Dinamarca, que casou-se com Luísa da Suécia da recém formada dinastia Bernadotte, e sendo pai dos Reis Christian X da Dinamarca e Haakon VII da Noruega.

* A princesa Alexandra da Dinamarca, que casou-se com o príncipe Alberto Eduardo de Gales (Eduardo VII do Reino Unido), sendo a mãe do rei Jorge V do Reino Unido.

* O príncipe Guilherme, que mais tarde seria eleito rei da Grécia, sob o nome Jorge I da Grécia. Este foi pai de Constantino I da Grécia, avô paterno de Jorge II da Grécia, Paulo I da Grécia e de Filipe, Duque de Edimburgo, consorte da rainha Isabel II do Reino Unido e bisavô de Sofia da Grécia, rainha da Espanha.

* A princesa Dagmar da Dinamarca, que casou-se com o imperador Alexandre III da Rússia, sendo mãe do ultimo imperador russo Nicolau II da Rússia.

* A princesa Tira da Dinamarca, que casou-se com Ernesto Augusto de Hanôver, duque de Cumberland.

* O príncipe Valdemar da Dinamarca, que casou com a princesa francesa e originalmente católica Maria de Orléans.

Morte:

 Sarcófago neoclássico de Christian IX, na Catedral de Roskilde.

A rainha Luísa precedeu seu marido falecendo no dia 29 de setembro de 1898 na mansão Bernstorff perto de Copenhaga. Já Christian morreu tranquilamente de velhice aos 87 anos, no Palácio de Amalienborg no centro de Copenhaga, e foi sepultado em uma capela que leva seu nome na Catedral de Roskilde, o mausoléu da realeza dinamarquesa a séculos.

Ele foi sucedido como rei por seu filho primogênito, Frederik VIII.

 Monograma de Christian IX